quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

É NATAL, É NATAL, NASCEU O SALVADOR: UMA VISAO BÍBLICA SOBRE O NASCIMENTO DE JESUS CRISTO.

O Deus de poder, enquanto percorria em suas majestosas roupagens de glória, resolveu parar; e assim um dia Ele desceu, e pelo caminho se despia ( George Herbert)

Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do Rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntaram: Onde está o recém nascido Rei dos judeus? Por que vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo (Mt.2.2)

O nascimento do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é um marco na história dos homens (Mt.1.18-23). Ele é um divisor de águas no tempo como na fé . A comunidade cristã espalhada pelo mundo todo tem no final de cada ano comemorado está data singular. Alguns celebram o natal sem saber o cerne do seu verdadeiro significado.

Outros comemoram como uma hereditariedade familiar-religiosa. Outros ainda assimilam a natividade de Jesus Cristo, com um banhar de luzes, árvores de natal e Papai Noel como fantasia que magnetiza as crianças e encantam os adultos na odisséia do mundo mágico.

Em virtude desse deslocamento bíblico do verdadeiro significado do natal o cidadão pós-moderno tem interpretado o natal somente através de presentes, consumismo e um materialismo disfarçado de espírito natalino. Não que presentear alguém não seja um ato belo magistral o próprio Deus Todo Poderoso segundo o apóstolo São João deu o seu filho para salvar a humanidade perdida .

Esse ato divinal se transformou no maior presente que os mortais, os finitos podem ter (Jo.3.16) . Porém quando olhamos para a imutável Palavra do Senhor "Bíblia", percebemos que o nascimento de Jesus Cristo tem haver com a história da salvação. Para compreendermos este ato profundamente misterioso temos que voar a nossa mente para o primeiro livro da Bíblia chamado Gênesis. Neste livro narra a história inicial da humanidade e também como o homem criado a imagem e semelhança de Deus se afastou do altíssimo em virtude do seu pecado (Gn.2.1-25;3.1-24).

Mas Deus que é rico em perdoar e cheio de bondade e misericórdia (Ef.2.4), enviou seu filho para remir os homens (Gál.4.4). Percebemos então que o nascimento de Jesus Cristo ou como dizem os teólogos a encarnação do próprio Deus não foi um ato ocasional mas tudo isso estava debaixo da soberania divina que escreveu a história através dos homens para trazer o Cristo o Salvador e Senhor da humanidade(Ef.1.1-7).

Todo o Antigo Testamento aponta para o nascimento do Messias, do salvador do mundo. O profeta Isaías falou do seu nascimento 700 anos antes de Jesus Cristo nascer ele disse: Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno Príncipe da Paz (Is. 9:6 NVI).

O nascimento de Jesus Cristo estava debaixo da soberania de Deus na qual preparou o mundo para esse grande evento histórico espiritual. Deus escolheu uma mulher para trazer Cristo ao mundo se cumprindo no desfecho histórico Gênesis 3.15 Porei inimizade entre você e a mulher entre a sua descendência e o descendente dela este lhe ferirá a cabeça e você lhe ferirá o calcanhar .

O próprio Anjo Gabriel anunciou a Maria mulher escolhida que ela conceberia um filho e chamaria Jesus. Maria porém retrucou e perguntou como que isso iria acontecer se eu sou virgem? O enviado de Deus lhe respondeu: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus (Lc.1.26-37).

No tempo certo Maria deu a luz ao menino Jesus. Por isso naquela noite especial na cidade de Belém todo o projeto da Trindade para salvar o homem estava sendo realizado com a natividade de Cristo (Mq.5.2) Em virtude desse fato histórico cheio de mistério e graça um coral de anjos cantou uma canção dos céus Glória a Deus nas maiores alturas do céu e paz na terra para as pessoas que ele quer bem (Lc.2:10-14 ).

Os magos orientados por uma estrela vieram do Oriente adorar Jesus Cristo que é Deus (Mt.2.1-12). O Apóstolo São João relatando sobre o nascimento de Cristo diz : E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória, glória do unigênito do Pai cheio de graça e verdade. Jesus Cristo o filho de Deus nasceu para salvar o homem do seu pecado e levar esse mesmo homem ao relacionamento íntimo com Deus. Jesus Cristo que nasceu, morreu e ressuscitou e está assentado a direita de Deus é a única esperança dos mortais é por isso que celebremos o natal como expressão da salvação de Deus para os homens e podemos cantar É natal é natal nasceu o salvador.

Alguns sem entendimento nao celebram o natal advogando em nao saber a data correta, todavia o cristào autentico nao esta preocupado com uma data mais sim com um evento que mudou para sempre a humanidade. Os próprios anjos cantaram o nascimento de Jesus, o proprio Deus realizou seu plano em Cristo, os próprios magos reconheceram seu nascimento e deram presentes, o único que nao gostou do nascimento de Jesus Cristo foi o demente Herodes que por fim mandou matar um monte de criança em virtude de sua amargura, seu senso rídiculo e seu coração cheio de ódio mais nós que somos cristãos desejamos um feliz natal.

Soli Deo Glória
Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

NÃO ESQUECENDO O PRINCIPAL: CAMINHOS E VALORES NUM MUNDO CONTURBADO E FRIO.

Terminados os dias permaneceu o menino Jesus em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem, três dias depois encontraram no templo no meio dos doutores (Lc.2.39-51)

O aclamado pastor , teólogo e escritor Rubem Alves em entrevista para a revista IstoÉ no final de 2000, deixou pasmado a comunidade evangélica quando disse para a nação brasileira que: "Hoje as idéias centrais da teologia cristã em que acreditei nada significam para mim são cascas de cigarras vazias não fazem sentido, não as entendo. não as amo'.

O Evangelho de Lucas é uma peça literária de grande valor. Este Evangelho tem a maior e mas detalhada narrativa sobre o nascimento de Jesus Cristo. O teólogo Lucas que também era médico está preocupado em mostrar que o nascimento de Jesus Cristo não foi algo ocasional mas estava debaixo do propósito de Deus e sua soberania.

No verso 40 Jesus Cristo é uma criança que mama que é circuncidado, que é apresentado no templo e que crescia e fortalecia. No verso 41 Jesus Cristo tem 12 anos de idade e está indo para maior festa judaica e milenar chamada Páscoa, seria ele um Filho da Lei como esta na cartilha religiosa. Agora o que Lucas está interessado não é mostrar somente a festa da páscoa mas mostrar que seus pais e aquele bando de nazareno esqueceram o principal.

Seus pais "José e Maria" e toda aquela caravana de Nazaré em virtude da festa de Páscoa perderam Jesus Cristo de vista. Foi justamente na Festa da Páscoa que Jesus Cristo foi esquecido, não foi percebido, não foi notado, foi perdido de vista. Não foi só Maria e José que esqueceram Jesus Cristo mas toda aquela caravana de nazarenos que em meio aos louros de ir a Jerusalém, contemplar o templo e os lugares sagrados esqueceram o principal.

A festa da Páscoa atraía muita gente de todas as partes do mundo, logo o cuidado, a vigilância a observação para com Jesus tinha que ser redobrado, porém eles ficaram talvez encantados com a pompa da festa, com o transitar das pessoas, com a elegancia magnifica da eterna Jerusalém e esqueceram o principal perdendo Jesus Cristo de vista. Seus pais só perceberam a ausência de Jesus Cristo depois de três dias de caminhada. Para mim isso foi um esquecimento injustificável, um esquecimento complexo e questionável do ponto de vista da paternidade, do cuidado e do zelo

Vivemos uma época aonde muitas pessoas tem perdido Jesus Cristo de vista; o encanto desse mundo e sua filosofia baseada no "aqui e agora" tem feito muita gente desprezar os ensinos imutáveis da Bíblia. Os próprios religiosos dessa fugaz geração estão construíndo sua Cristologia sobre a areia de uma doutrina oca e sem sentido.

Jesus Cristo esta esquecido em muitas igrejas que se dizem cristã. Músicas são cantadas para ele, jograis sao feito em sua homenagem, pregações entoam o nome dele , mais por trás do manto da religiosidade existe o ego e a extaltação não do Cristo bíblico mais do meu ministério, do meu louvor, do meu programa cúltico, da minha liderança ditatorial, da minha igreja etc.

Existe hoje entre os cristãos a síndrome de Jose e Maria que em virtude de tantas coisas que a festa da páscoa apresentava esqueceram Jesus na cidade de Jerusalem que anos mais tarde seria o palco de sua propria crucificação. Essa Jerusalém que Jesus Cristo aos doze anos foi esquecido é a mesma que em sua idade adulta antes de sua crucificação ele bradou: "Jerusalém, Jerusalém que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós nao o quisestes" ( Mt.23.37)

Nossa sociedade tem entrado num labirinto sem perspectiva porque ela tem dado valor as coisas excêntricas e tem minimizado o ponto central que acalenta o coração. Temos percebido que nossa geração tem pago um grande preço pela falta da observação dos conceitos de Deus.

Não são poucos os casos de barbárie nos nossos dias em virtude de um liberalismo e uma vida autônoma de Deus como também não são poucos os casos de heresias na igreja em virtude de um esquecimento crônico da pessoa Bendita de Jesus Cristo que é mais do que um ser que cura, mais do que um ser que te abençoa, mais do que um ser que alivia sua crise existencia. Jesus Cristo é Deus e sua missão é a missào de Deus ( missio Dei) na qual ele mesmo resumiu dizendo: "Eu te glorifiquei aqui na terra". O menino esquecido por José e Maria e esquecido em muitas igrejas hoje é o "Autor e Consumador da nossa fé'.

Em Apocalipse 3:20 o próprio Jesus Cristo mostra uma igreja que perdeu ele de vista e deixou ele pelo lado de fora. Por isso ele disse: "Eis que estou a porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo".

As vezes podemos estar numa igreja porém, Cristo pode estar distante da nossa vida. Ele mesmo disse: 'Este povo me louvam de lábios mais o seu coração esta longe de mim" As vezes podemos ir na igreja como desencargo de consciência ou tradição porém isso não é suficiente precisamos Ter Cristo no centro da nossa existência.

As pessoas da nossa geração precisam separar o jóio do trigo como também a religião que as vezes mingua e mata e traz confusão da Bíblia que é viva e eficaz em sua natureza. Nossa geração pós-moderna precisa de um banho de discernimento e sensatez, todavia biblicamente falando isto é impossível se o próprio Deus soberano não realizar a obra no coração, pois o homem natural nada sabe das coisas espirituais

Confundir Jesus Cristo que é Deus com personagens humanos que advogam ter a solução para as mazelas humanas é um descompasso epistemolôgico. Só Cristo tem esse legado de operar salvaçào mediante a graça e não através de obras humanística com caracteres religiosos. Jesus Cristo o Filho de Deus é o verdadeiro, Senhor, Soberano e Salvador.

Não podemos perder Jesus Cristo de vista pois, ele deve ser o Principal na nossa, igreja, família e sociedade.Também aprendemos com José e Maria algo importante no percurso da narrativa lucana que pode nos ajudar em pleno século XXI.

Primeiro: Eles reconheceram a falta de Jesus na caravana dos nazarenos.

Segundo: Eles reconheceram que esqueceram Jesus em algum ponto do caminho.

Terceiro: Eles procuraram Jesus entre os seus parentes e conhecidos.

Quarto: Eles reconheceram que Jesus era responsabilidade deles enquanto pais terrenos, pois eles eram o sustentador, protetor e guardião de Jesus.

Quinto: Eles retornaram para Jerusalém em busca de Jesus, enquanto a carava continuava seu percurso.

Sexto: Eles não colocaram a culpa em ninguém simplesmente perceberam que erraram no cuidado do menino.

Sétimo: Eles perderam Jesus Cristo de vista mas eles nos ensinam a retornar, a mudar a rota, o caminho, a voltar a traz.

Oitavo: Eles começaram a procurar Jesus. O texto sagrado afirma dizendo: "passaram a procurá-lo"

Nono: Eles que tinham perdido Jesus Cristo de vista agora tinham avistado Ele de novo como diz a Bíblia "Logo que seus pais o viram , ficaram maravilhados"

Décimo: Eles encontrarm ele no templo entre os doutores. Seus pais José e Maria levaram Jesus para a casa como diz o texto: "E desceu com eles para Nazaré"


A Bíblia diz que não devemos desgrudar os nossos olhos de Jesus Cristo, porque quando tiramos os nossos olhos de Jesus Cristo começamos a afundar espiritualmente e emocionalmente, porém se olharmos para ele autor e consumador da nossa fé teremos vitória sobre a escuridão.

Que jamais viemos perder Jesus Cristo de vista mas ao contrário devemos fixar os nossos olhos nele pois a Bíblia diz: "Olhai para mim e sereis salvos" (Is.45:22). Foi justamente este texto que abalou um dos grandes pregadores do século passado Charles Spurgeon.

Assim como José e Maria que reconheceram que perderam Jesus Cristo de vista e voltaram para Jerusalem e buscaram e encontraram Jesus, assim nós também devemos fazer este caminho de exaltação a Cristo, Senhor e Deus.

Para isso nao precisamos mais irmos para Jerusalém como eles a 2.000 mil anos foram, devemos sim irmos para a Bíblia que é a revelação final de Deus "Sola Scriptura" e resgatar dali o Jesus Bíblico que é Santo, Eterno, Salvador, Criador e que um dia todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus é o Senhor para a Glória de Deus Pai.

Devemos sim redescobrir o Jesus Bíblico e lançar fora o Jesus vendido pela religião, caricaturado, o Jesus comercial, O Jesus meigo de olhos azuis e cabelos lisos loiro que nada reflete o Jesus santo narrado na Bíblia que é Senhor e Salvador e que um dia irá vir julgar os vivos e os mortos conforme o Evangelho.

Sola Chistus

Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE DA FÉ CRISTÃ PARA COM AS QUESTOES ECOLÓGICAS DOS DIAS ATUAIS

A igreja tem dado bastante valor as questoes
teológicas, pastorais, eclesiológicas etc. como espinha dorsal de sustentaçao para a cristandade hodierna, vários sao os livros, confissoes, congressos, simpósios, conferencias etc. que tratam de assuntos que versam a doutrina bíblica nas suas variadas facetas.
Parte 1
Todavia pouco tem sido ventilado a ecoteologia para a comunidade da fé, na camada evangélica como também nas escolas de formaçao teológica. Versamos assuntos que Deus criou o mundo pela sua palavra (Ex. nihilo) e também mencionamos com eloqüencia a sua “Providencia” como doutrina segura pois, “O Deus que cria é o Deus que sustenta”, todavia pouco falamos de ecologia, pois essa palavra por si só nao tem no nível básico, aspecto fisiológico de teologia ou doutrina proveitosa para a igreja pois ela está no patamar da comunidade cientifica, dos pacifistas, dos ambientalistas, etc.
Parte 2
Quando desconhecemos assuntos vitais que estao inseridos na doutrina crista como ecologia isso nao produz na comunidade evangélica uma responsabilidade ecológica, porém quando redescobrimos pela meditaçao e estudo apurado a importância de uma ecoteologia para a igreja, isso nos arranca do ostracismo tradicional e nos arremete a uma visibilidade da nossa responsabilidade crista para com as questoes ecológicas dos nossos dias e seu pélago.
Olhando para o mundo criado por Deus e como versou Hendrikus Berkhof : “ Deus como Criador e o Mundo como Criaçao”, o próprio Deus chama a sua igreja para uma responsabilidade ecológica. O próprio Aurélio Agostinho, teólogo de grande influencia, trabalhou no bojo da sua teologia a ecoteologia (Ecoteologia Agostiniana).
Parte 3
Em 1992, em Brasília os teólogos católicos e seminaristas no artigo 15 reafirmaram com clareza que: “ Somos convocados a desenvolver uma consciencia criatural, onde a criaçao deixa de ser vista como objeto de domínio, pois ela é um dom de Deus que deve ser acolhida com reverencia, respeito e louvor”.
O cientista e biólogo alemao Ernst Haeckel em 1866 cunhou o termo científico “Ecologia” “Oikos-casa”; “Logos- estudo” que no seu nível explicável se resume “ estudo da casa ou do mundo’. Se nos tempos passados a ecologia estava fechada ao estudo científico das relaçoes dos seres vivos com seu habitat, hoje já nao é mais assim, porque várias pessoas militam na chamada defesa do equilíbrio do meio ambiente, que é necessário para a vida.
Parte 4
Quando pensamos em ecologia devemos nao só pensar em ecologia natural
mais também em ecologia humana, pastoral, social, pois tudo se relaciona. Os estudiosos dizem que o movimento ecológico é uma reaçao científica e global contra o paradigma de vida industrializado, consumista, racionalista imposto a todo o mundo pela modernidade, vindo do continente europeu, branco, ocidental e cristao.
A cosmovisao crista nesse sentido deve ser integral (holos), pois pensando assim percebemos que a poluiçao do ar, buracos na camada de ozônio produzido por gases da indústria humana, o efeito estufa, aquecimento da atmosfera que provoca degelo nos pólos aumentando as águas dos mares que inundam as cidades marítimas, a poluiçao da terra, a poluiçao das águas, a falta de uma coerencia no campo político, a violencia urbana, o terrorismo internacional as armas nucleares, o crescimento demográfico, a destruiçao dos recursos naturais etc. sao também responsabilidade crista e nao somente dos pacifistas, ambientalista etc. “O ser-humano pode ser homicida e genocida mais pode ser também biocidas, ecocidas e geocidas”. O teólogo Leonardo Boff mesmo afirma que a ecologia mais do que qualquer outra ciencia nos coloca diante da natureza como totalidade orgânica, diferenciada e única. Ela nos facilita entender o conceito teológico da criaçao, mediante o qual Deus e o universo se diferem, e ao mesmo tempo se aproximam.
Parte 5
O teólogo Francis Schaeffer também falou da explosao da populaçao e do problema ecológico, esse assunto proposto aqui nao ficou desapercebido por ele que afirma, que estamos em “dificuldades” . O missiólogo Dr. Timóteo Carriker sublinha que no meio cristao é bastante comum ter uma perspectiva negativa em relaçao ao mundo e o papel do homem no mundo criado por Deus, todavia a tríplice realidade bíblica entre Deus e o homem e a sua criaçao devem ser levada em conta no aspecto da nossa responsabilidade como filhos de Deus que entendemos que o mundo em que vivemos, em seu sentido micro e macro é obra de Deus e nao de um darwinismo excentrico.
Parte 6
Como cristaos nao devemos estar aquém da situaçao que destrói o mundo como as derrubadas de florestas, os chamados desmatamento, a matança de animais, a poluiçao dos rios, os produtos químicos e a banalizaçao da vida humana que gera os sem teto, os sem emprego, sem educaçao, sem possibilidade, sem esperança etc. O progresso industrial gerou na humanidade “o melhor dos tempos e o pior dos tempos”.
A justiça que é tao clara na Bíblia passa pelo caminho também ecológico e isso é responsabilidade crista, pois mais do que os cientistas, ambientalistas, pacifistas, simpatizantes do meio ambiente, nós cristaos conhecemos o Deus criador e sustentador e de justiça que antes da formaçao do homem, criou o universo e tudo que nela há, pois do Senhor é a “terra’ e esse mesmo Deus em sua sabedoria e graça fez o homem a sua imagem e semelhança “ imago Dei” e colocou com destaque sobre sua criaçao para ele cuidar dela.
Parte 7
No Congresso Brasileiro de Evangelizaçao em 2003 na cidade de Belo Horizonte (MG) um dos pontos abordados foi a questao ecológica pela ministra Marina Silva que versou seu conhecimento técnico com o arranjo doutrinário cristao, trazendo uma proposta para a comunidade da fé sobre o meio ambiente e seus enfrentamentos políticos, comerciais etc..
Isso tudo nos arremete para uma responsabilidade crista para com as questoes ecológicas dos dias atuais. A igreja crista como disse o Dr. John Stott deve se engajar em todo o serviço para a glória de Deus, ela nao deve celebrar o status quo mais romper com ele numa visao bíblica criacional de serviço.
Parte 8
A igreja Crista nao deve perpetua o laissez faire mais ter uma voz profética no que tange a ecologia num sentido humano e fundamentalmente teológico de contribuiçao no mundo que vivemos. Pensando assim minimizamos o patrulhamento ideológico que o cristao nao se preocupa com o mundo e nao tem responsabilidade no que tange a ecologia nos dias atuais pois a Bíblia nos convoca através do nosso serviço integral a exaltar o Deus da criaçao sendo participante dessa diaconia ecológica produzindo sem dúvida a Soli Deo Glória.
Parte 9
Adoraçao bíblica nao é somente uma expressao vocal, musical, mais é também testemunhal e passa pelo cuidado do mundo de Deus e da percepçao desse mundo como responsabilidade crista. A tese criacionista nao é somente um desbancar um darwinismo excentrico ventilado nos círculos humanos mais vai além disso. Ela é a formataçao de ver o Mundo de “Deus” com os óculos verdes na perspectiva do altíssimo gerando na comunidade da fé responsabilidade e serviço.
Ecologia tem haver com ecoteologia
Semana Ecológica
Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

NÃO QUERO MAIS SER UM CRENTE DE BANCO: POSICIONAMENTO FRENTE AO PARISITISMO CRISTAO.

Por que vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são Chamados (I Cor.1.26)

1) Não quero mais ser um Crente de Banco, quero sim saber o que Deus tem para minha vida em prol do seu Reino aqui nesta cidade, Estado, Nação e Mundo.

2) Não quero mais ser um Crente de Banco , quero sim participar das atividades da igreja local e celebrar a comunhão dos santos.

3) Não quero mais ser um Crente de Banco quero sim ser discípulo de Jesus e levar a sério a vida cristã.

4) Não quero mais ser um Crente de Banco quero sim celebrar o Senhorio de Cristo na minha vida em todas as áreas. Ele não é somente o meu Salvador mas meu Senhor.

5) Não quero mais ser um Crente de Banco que vem na igreja somente em busca de benção, quero sim antes de mais nada ser um adorador e um abençoador e aí sim Deus vai me abençoar, pois está escrito “ sê tu uma benção”.

6) Não quero mais ser um Crente de Banco e reclamar de tudo que eu não gosto, quero sim ser um instrumento de Deus para ajudar vidas.

7) Não quero mais ser um Crente de Banco que entra e sai que entra e sai sem se preocupar com ninguém, quero sim ser participante na vida do meu irmão, se preocupar com ele e ser um ombro amigo em todos os momentos.

8) Não quero mais ser um Crente de Banco com cadeira cativa enquanto Deus tem tanta coisa para mim fazer em favor da sua obra.

9) Não quero mais ser um Crente de Banco, que não se comunica com ninguém, que não nutri a comunhão e amizade que somente chega no templo e após o culto vai embora

10) Não quero mais ser um Crente de Banco que vem somente no domingo sento no mesmo lugar achando que a vida cristã é somente isso e ainda sai reclamando de tudo.

11) Não quero mais ser um Crente de Banco que sabe os corinhos a vasta hinologia sacra o endereço da igreja mais não falo que Jesus Cristo é o único que pode salvar o homem.

12) Quero sim sentar no Banco e adorar a Deus em Espírito e em Verdade. Quero sim sentar no Banco e ser uma benção, Quero sim sentar no Banco e ser um ajudador.

13) Quero sim sentar no Banco e orar pelas lideranças e por esta obra. Quero sim sentar no banco e ser um contribuidor. Quero sim sentar no banco e usar a minha língua não para fofoca ou murmuração mais para a edificação da minha casa, da minha igreja e dos meus irmãos.

14) Quero sim ser um pacificador e um portador de boas novas. Quero sim sentar no Banco e ser Sal da terra e Luz para o mundo. Quero sim sentar no Banco e amar as pessoas.

15) Quero sim sentar no Banco mas viver uma vida de oração, testemunho, santificação e leitura da Bíblia. Quero sim sentar no Banco e orar pelo meu irmão, chorar com meu irmão e ser cheio do Espírito Santo junto com meu irmão para que Cristo seja honrado e Deus exaltado.

16) Quero sim ser um imitador de Cristo e fazer a vontade de Deus, quero sim reler a história da igreja e aprender com os servos do passado a excelencia da vida cristã. Quero sim andar pela a estrada não muito trilhada da humildade, simplicidade, singeleza de coração e da dependencia obstinada da graça de Deus na minha vida.

17) Quero sim ser amigo dos que não tem amigos, abraçar o pobre, o ferido, abrigar no meu coração os favelados desta vida fútil. Quero sim poetizar e celebrar a vida que é dádiva do Criador.

18) Quero sim dizer que tem coisas que eu não sei mas tem coisas que eu sei e assim juntos vamos exaltando ao Senhor. Não quero ser estrela, não quero notoriedade, não quero fama, não quero orgulho mofado, não quero aplausos humanos, não quero ser melhor que meu irmao, quero sim se Servo de Jesus Cristo e viver a vida cristã em sua integralidade. Quero sim proclamar o Reino de Deus e sua salvação de forma genuína, prática e doutrinal.

Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

AOS FILIPENSES COM AMOR E CARINHO

REFLEXÃO E CAMINHOS PARA A VIDA CRISTÃ AUTÊNTICA.
LÍDIA, O CARCEREIRO E OS MISSIONÁRIOS CRISTÃOS
ATOS DOS APÓSTOLOS 16: 1- 40

Sabio, Salvo e Santo
Redescobrir o autêntico caminho da vida cristã requer um olhar penetrante na Bíblia. Não existe espiritualidade sadia fora dos padrões estabelecidos por Deus como também não existe espiritualidade sadia se esses padrões não forem praticados pela comunidade da fé.

Quando estudamos e meditamos na Bíblia algo de bom acontece conosco, pois em abrir a Bíblia a própria Bíblia nos abre e nos revela a nossa pequenez a nossa dependência, a nossa insuficiência. “Alguém já disse que o homem deve ler a Bíblia para ser sábio, crer na Bíblia para ser salvo e praticar a Bíblia para ser santo”.

A cidade de Filipos leva o nome de Filipe II, rei da Macedônia e foi fundada por ele no ano 356 a.C.. O evangelista Lucas descreve essa cidade como a primeira cidade dessa região da Macedônia e era uma colônia romana. (At. 16.12)

Segundo FF. Bruce o cristianismo chegou a Macedônia menos de vinte anos após a morte de Cristo. Uma das primeiras Cartas de Paulo que é Tessalonicenses diz que eles “ padeceram e foram ultrajados em Filipos ( I Tes. 2.2)

Quando o apóstolo Paulo e Silas sairão para a sua segunda viagem missionária não estava nos planos deles de irem para Macedônia. Logo após o Concílio que teve em Jerusalém eles partiram para pregar o evangelho, levar notícia do concílio e visitar os irmãos.

Primeiro eles chegaram a Derbe em Listra e Icônio e “havia ali um jovem discípulo chamado Timóteo” que entrou para equipe do apóstolo Paulo ( At.16. 1-5). Eles continuaram a sua viagem missionária percorrendo várias regiões frígio-gálata, mais foram impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na ÁSIA como também em Bitínia.

A entrada do Evangelho bendito de Jesus Cristo na cidade greco-romana de Filipos se deu em virtude de uma visão em Trôade que o apóstolo Paulo teve de noite com um varão macedônio que dizia: “Passa a Macedônia e nos ajuda”. ( At.16.9-10)

Lídia um exemplo de Fé e Convicção em meio a religiosidade oca vazia e sem sentido
Na cidade de Filipos não tinha Sinagoga, pois ao que tudo indica não havia ali 10 judeus para formar essa expressão de ensino judaico que Paulo sempre ia em suas andanças para pregar o evangelho.

Sem “sinagoga”, Paulo e sua equipe vão para a beirar do RIO orar ao Senhor e é justamente na beira do Rio que nasce a IGREJA de Filipos.
O texto (At.16.13-15) diz que ali se encontravam algumas mulheres e destaca uma mulher chamada “ LÍDIA”. Vendedora de púrpura da cidade de TIATIRA

Lídia tinha algumas características que nos levam para o caminho da vida cristã autentica e nos fazem compreender a gênesis da igreja de Filipos.

1) Ela era temente a Deus ( At. 16.14)
2) Ela ouvia com atenção a Palavra de Deus ( At. 16. 14)
3) Deus abriu o coração para ela compreender o Evangelho que Paulo estava Pregando que é Cristo o Senhor ( At. 16.15)
4) Em resposta a verdade pregada ela não titubeou e foi batizado com toda a sua casa ( oikos) ( At. 16.15)
5) Quando alguém de fato abre o seu coração para o santo evangelho automaticamente ela abre a sua casa para os irmãos ( At. 16.15)

É no meio de tudo isso que a igreja de Filipos começa a ser erguida em solo pagão europeu. Ela começa com o fundamento da pregação paulina que é Cristo e foi dinamizada pela oração na beira do rio e tem a sua visibilidade no batismo e no carinho de LÍDIA que abre a sua casa para os enviados de Deus.


Filipos a Igreja da Alegria e da Minha Dor
Também na cidade de Filipos Paulo e a igreja incipiente enfrentam as suas primeiras lutas no campo humano e espiritual. A espiritual desencadeia a humana. Pois uma moça adivinha bajula Paulo e ele repreende a força diabólica que está disfarçada de elogios.

Vários dias ela dizia: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação”. ( At.16.17) Paulo guiado pelo Espírito Santo discerniu que aquele elogio e declaração provinham das trevas e não de Deus. Ainda que usasse as palavras certas a fonte era diabólica.

Uma igreja cheia da vida de Deus autentica discerne o que vem de Deus e o que vem do mundo, da carne e do diabo e como Paulo ela deve repreender tudo que vai atrapalhar o avanço do evangelho de Jesus Cristo. Ainda que isso cause dano como causou dano para Paulo e Silas que foram tidos como persona não grata em prol da fidelidade do evangelho. Eles foram:

1) Arrastados pela praça ( At. 16.19-)
2) Foram acusados de perturbarem e mudar os costumes (21)
3) Foram açoitados com vara, presos e humilhados (At. 16.22-24)

Uma igreja cheia de Vida e Autêntica adora ao Senhor em meio as lutas. Qual a atitude de Paulo e Silas diante das crises e problemas da caminhada

1) Eles se dedicaram ao culto de oração ( At. 16.25)
2) Eles cantavam louvores a Deus a meia noite ( At. 16.25)
3) Eles honraram a Deus diante dos presos ( At.16.25)


Exemplos que Devemos seguir como Cristãos
Quando Deus encontra uma igreja que, Prega a sua Palavra com integridade. Que “ora” com fervor , que “Louva, Adora e que honra seu nome ele se manifesta com poder e glória, (V.26), Deus traz convicção de pecado e produz Salvação como fez com o carcereiro de Filipos que bradou dizendo: “Senhores, que Devo fazer para ser salvo?’ (30)

Uma Igreja que entende qual é a sua missão na terra vai sempre dizer as palavras importantes para essa geração sem Deus: CRÊ no Senhor Jesus e serás salvo ( 31) Paulo e Silas em meio as lutas não cessaram de pregar a Palavra de Deus para a família do carcereiro e Deus era com eles e todos foram batizados ( 32 – 33)

Deus transformou a vida do carcereiro e sua família e essa atitude de salvo se expressa na praticidade diária. O carcereiro “Cuidou” deles; “Lavou” seus vergões dos açoites, levou eles para a sua própria casa, pos lhe uma mesa e houve grande alegria naquela casa por que Deus tinha entrada ali. (V. 33-34).

A igreja de Filipenses nasce a partir dessa realidade de Vida. O Deus que chamou eles foi o Deus que engrandeceu o seu nome através deles. Depois de colocar os pilares da verdadeira fé em Cristo Jesus e deixado ali um igreja estabelecida, Paulo e Silas são recepcionados pelos irmãos e confortados por eles ( V.40).

De fato o caminho da Igreja de Filipos deve produzir em nós um santo temor de saber que Deus em Cristo estabelece a sua igreja numa base sólida, clara e continua e que nós como seus servos devemos ser fiel a visão de Deus, pois sendo assim muitas Lídias e muitos carcereiros conheceram ao Senhor através de sua graça e soberania na nossa geração, pois a Palavra de Deus produz em nós sabedoria, salvação e santidade.

Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Dr. Russel Shedd: O Caráter Do Líder Que Deus Usa.


A liderança exige seguidores de confiança. A fé, no bom juízo e visão do cabeça de uma organização, durará somente enquanto o líder estiver dando à seus seguidores razões para nele confiar. A confiança tem suas raízes no caráter. É por isso que o caráter é central na liderança efetiva.

Os líderes que apresentam os mais nobres traços de caráter não precisam se manter no poder por força bruta ou engano.

Stephen Covey escreveu em seu bestseller, The Seven Habits of Highly Effictive People, que a liderança e o gerenciamento são duas funções distintas. O gerenciamento preocupa-se com o controle, a eficiência e as regras, enquanto que a liderança deve se preocupar com a direção, o propósito e o sentimento familiar.
A liderança sugere seguidores voluntários, ao passo que, o gerenciamento, muitas vezes, exige a obrigação e o dever.

O cabeça da companhia pode ser considerado um bom gerente se ele toma decisões que aumentarão a rentabilidade da organização. A liderança deve ter uma visão maior, direcionada ao bem-estar, a longo prazo, de todas as pessoas beneficiadas pela organização. O gerenciamento preocupa-se com a qualidade do produto e seu bom nome, enquanto que, a liderança olha, em primeiro lugar, para a justificativa moral da fabricação do produto. "Gerenciamento é fazer as coisas de uma forma correta. Liderança é fazer as coisas corretas. Gerenciamento é eficiência subindo a escada do sucesso; liderança determina se a escada está posta contra a parede certa".

O autor de Hebreus refere-se a liderança quando ele exorta seus leitores: "Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo" (Hb 13.17). Um líder tem seu olho no Dia do Juízo, quando seus seguidores louvarão a Deus por ele, ou o condenarão por ter colocado pedras de tropeço no caminho deles. Os traços do caráter, que seguem abaixo, são seguros, à toda prova, no que diz respeito a um homem que é usado por Deus.

Santidade

A primeira exigência de um líder cristão é santidade. Ele precisa ser sensível ao pecado que outros possivelmente consideram aceitável. Isaías tornou-se sensível a sua fala impura logo que viu o Senhor exaltado no templo.

O tremendo som da repetição de "santo é o Senhor dos Exércitos" pelo serafim, estarreceu-o (ls 6.1-3). Ele gritou:”Ai de mim! Estou perdido!" (v.5). Esse foi o efeito que a visão teve no jovem profeta.

É improvável que lsaías usara uma linguagem mais violenta, impura ou blasfema do que seus contemporâneos. Porém, um sentimento de culpa tomou conta dele no ambiente santo que enchera o templo. O véu, que separava a realidade do céu das coisas terrenas, foi partido. Deus preparou Isaías para liderar, fazendo-o completamente miserável diante de sua natureza pecaminosa.

Deus comanda todos os seus filhos: "Sede santos, porque eu sou santo" (IPe 1.16; Lv 11.44; 19.2). Ele, assim, revela ambos - a base e o padrão da santidade. O alicerce da santidade do líder está no caráter do Deus que ele está representando. Se a descrição, "homem de Deus", falha em representar a pessoa em comando, a organização cristã que ele lidera se sentirá mais livre para andar nas trevas.

Um modelo com ações dúbias encoraja seguidores a dar "jeitinhos" e ser hipócritas. O comportamento não apropriado para um líder torna a nova natureza dos filhos da luz em uma farsa (Ef 5.8).

A santidade, do ponto de vista humano, coincide com boa reputação. Pedro não somente exortou os crentes da Ásia Menor para serem santos, mas para: "Manter exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação" (IPe 2.12).

O mundo secular do primeiro século acreditava que os cristãos eram maus. Acusações das mais variadas e absurdas foram motivos de mexerico. Contudo, as boas obras dos cristãos e a preocupação amorosa dos crentes continuava a desmentir as acusações pagãs.

A importância da boa reputação de um líder é algo de conhecimento geral. Confiança é algo tão crucial, especialmente na liderança, que uma reputação manchada criará sérios problemas. Quando espalha-se a notícia de que um pastor ou um líder é uma pessoa adúltera, isso causará ondas de choque na congregação. Semelhante à um terremoto, a destruição que isso acarreta à fé de jovens e adultos pode ser igualmente devastadora.

Certamente, esta é a razão que Jesus atribui tão terrível condenação àqueles que causam a queda dos "pequeninos", isto é, dos crentes novos e instáveis na fé. Em alguns casos, eles não sobreviverão ao choque (Mt 18.1-11). Não somente pecado sexual, mas todas obras más que possam arruinar o bom nome do líder têm um efeito destrutivo nos seus seguidores.

Os apóstolos alistaram uma boa reputação como a primeira exigência para aqueles que haveriam de ocupar a função de liderança (At 6.3). Na lista de exigências para o' ofício pastoral, "irrepreensível" é a primeira (1Tm 3.2; Tt 1.6). Paulo foi bem cuidadoso ao apresentar as credenciais de uma vida exemplar diante de seus acusadores em Cesaréia (At 22-26).

O peso de suas últimas palavras aos anciãos da igreja em Éfeso, também demonstra sua boa reputação (At 20.17-35). É sábio que uma igreja pro¬cure saber o máximo possível à respeito do pastor convidado para liderá-la. Quando se levantam dúvidas e perguntas não respondidas referentes à sua reputação, a igreja precisa exercitar grande relutância para oferecer a posição a tal homem. A reputação, uma vez prejudicada, somente poderá ser restaurada durante uma longa caminhada de integridade.

Stephen Neill, falando a alguns líderes ambiciosos, disse-lhes: "Os anos, entre quarenta e cinqüenta, são os mais perigosos da vida de um homem. Esse é o tempo em que nossas fraquezas internas são mais propensas a aparecer [...] É bem melhor descobrir agora, enquanto jovens, quais são as nossas fraquezas, e trabalhá-las [...] do que deixar os anos nos abater, trazendo-as à tona, bem quando é o tempo em que deveríamos estar crescendo à estatura de líderes e pilares na Igreja”.

Um líder não cai de repente, mas é como uma árvore em um processo vagaroso de apodrecimento interno; ela cai, quando um vento forte sopra, porque a doença havia enfraquecido a estrutura interior. Porém, há sinais de aviso. Um índice baixo de disciplina em áreas como fantasias e sonhos, comida, vícios a alguns hábitos ou apetites, mostram claros sinais de perigo.

A falta de compromisso com os princípios éticos e doutrinários deve ressoar como um alerta. A recusa de prestar-se contas a alguém, que não seja a si mesmo e a racionalização dos erros cometidos acarretam o enfraquecimento da consciência. Além desses, há também outros sinais de alerta.

"Eu não posso jamais pensar que, já que Deus tem-me perdoado, eu deva perdoar-me de forma fácil". Essa foi uma regra vivida por Charles Simeon de Cambridge, na Inglaterra, um pastor que Deus usou poderosamente no começo do século XIX.

Cheio do Espírito Santo

"Cheio do Espírito" foi o segundo traço de caráter que os apóstolos solicitaram dos líderes que cuidavam da distribuição diária (At 6.3). Há alguma controvérsia com relação ao significado dessa frase, mas é razoavelmente claro que a "plenitude do Espírito Santo"significa três coisas:

Primeiro, significa que o líder tornou-se corajoso e valente. A realidade do Espírito na vida de um homem como Pedro pode ser vista em seu sermão no dia de Pentecostes (At 2), e em sua resposta corajosa aos líderes e anciãos dos judeus, que tinham o poder de colocá-lo na prisão e matá-lo (At 4.8).

O encontro de oração, após as ameaças dos líderes do Sinédrio, resultou em um novo encher do Espírito. A conseqüência foi que eles "com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus" (At 4.31).
Estêvão foi um dos sete que convenceu a igreja de Jerusalém que ele estava "cheio do Espírito". É surpreendente a tremenda coragem com a qual expressou sua interpretação do Antigo Testamento com relação a Jesus, como o Messias.

Ele era sabedor de qual seria a reação da sinagoga, mais ainda assim, permaneceu calmo e despreocupado, enquanto a manifestação determinara apedrejá-lo (At 7.54-60). Liderança e um "espírito de medo" não casam-se. Timidez em um líder não é um sinal saudável nem promete sucesso (cf. 2Tm 1.7).

Segundo, o enchimento do Espírito é encontrado no zelo e poder evangelístico que Filipe demonstrou em Samaria. Foi tão impressionante a unção pela qual Filipe proclamara Cristo (At 8.6), que multidões deram atenção ao que disse. Além do mais, os demônios gritavam quando foram expulsos das pessoas possuídas.

Ele realizou milagres poderosos de curas de doenças físicas (v.7). Atualmente, não exigimos de líderes de organizações cristãs que realizem milagres, mas zelo por Deus e seu Reino são evidências claras da presença do Espírito.
O significado do controle desimpedido do Espírito na vida de uma pessoa pode ser observado na vida de Whitefield. "George Whitefield foi imensamente usado por Deus, porquanto ele e John Wesley viraram de cabeça para baixo a Inglaterra para Cristo, e salvaram, pela graça de Deus, as ilhas britânicas de uma réplica da Revolução Francesa.

Foi falado a respeito de Whitefield, 'Do momento que ele começou, como um jovem, a pregar até a hora da sua morte, ele não conheceu nenhum abatimento da paixão. Até o fim da sua incrível carreira, sua alma foi uma chama de zelo ardente pela salvação dos homens'''.

Terceiro, a plenitude do Espírito significa que o líder não está sozinho. Ele tem um "assistente divino". Sem o Espírito, será que Filipe saberia que precisava deixar o ministério frutífero em Samaria e viajar à Gaza para unir-se ao carro do eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes (At 8.26-31)? Ou será que Paulo teria exercido a coragem e o entendimento de desafiar Elimas, o mágico, e puni-lo com cegueira, para que o procônsul de Chipre viesse a crer no Senhor (At 13.7-1O)?

Permanece de importância máxima que o líder saiba a mente do Senhor antes de tomar decisões que venham afetar a sua vida e a vida de outras pessoas. Todos os filhos de Deus devem ser guiados pelo Espírito (Rm 8.14) ou "andar no Espírito" (GI 5.16,25), mas é ainda mais importante que o líder seja assim liderado. Suas decisões afetam mais pessoas. Sua vida chama a atenção como um modelo exemplar.

Sabedoria

A igreja de Jerusalém tinha acabado de nascer quando as circunstâncias levaram, a Igreja e os apóstolos, a entender que eles eram incapazes de gerenciar o fundo de distribuição às viúvas, além de seus outros deveres. A crítica às práticas injustas dessa distribuição estava bem fundamentada (At 6.1).

Os apóstolos reconheceram a importância de manter o amor mútuo e a unidade na igreja. Conseqüentemente, eles formaram a base para um segundo nível de liderança, mais conhecido como "diaconia”. A sabedoria é a chave virtuosa entre as qualidades que os sete homens precisavam. Como a igreja de Jerusalém entendia esse termo? Uma vez que Tiago pastoreara aquela igreja depois que os apóstolos se espalharam, podemos contar com sua ajuda para uma definição.

Sabedoria significa mais do que mera inteligência. Enquanto esta refere-se à habilidade de resolver problemas de forma correta pelo uso da razão e experiência; aquela, refere-se à inteligência divina. Soluções humanas aos problemas são avaliados na base das vantagens que aquelas soluções trazem àqueles que estão encarregados.

Isso explica a descrição de "sabedoria” que Tiago chama de terrena e natural (Tg 3.15). Esta é a motivação que produz um "sentimento faccioso", o qual normalmente cria "inveja amargurada”.

A sabedoria lá do alto, por outro lado, é "pura” (v.17). Isto é, livre de contaminação facciosa. Ela produz paz, em vez de contenda e disputa. É "gentil", ou seja, preocupada com o sentimento dos outros. É "razoável", disposta a ceder e a negociar.

A sabedoria celestial é "plena de misericórdia", mostrando seu amor a outros. "Bons frutos" caracterizam o resultado dessa sabedoria em ação. Onde a "sabedoria" é usada, ações generosas e boas serão certamente encontradas. Sabedoria significa prontidão e perseverança, além da ausência de hipocrisia (T g 3.17).

Paulo expressa a verdadeira natureza da sabedoria que vem de Deus como o caminho da cruz pelo qual ele salva pecadores desamparados (1 Co 1.19-25). Deus demonstra seu amor incondicional pelos seus "inimigos", providenciando, através de sua morte agonizante, completo perdão e reconciliação.

Através da Bíblia, podemos ver vários exemplos de liderança sábia. Daniel é um dos casos mais extraordinários. Ele decidiu não se contaminar com a escolha da comida e da bebida do rei. Sua decisão não foi baseada em nutrição nem paladar, mas, na convicção de que a Bíblia proibia a comida "impura", que ele e seus três companheiros eram obrigados a comer (Dn 1.5,8).

Já que Daniel era o líder do grupo de judeus cativos, sua decisão influenciou-os a fazerem o mesmo. Em sabedoria, Daniel não somente recusou comer o que Deus não permitira, mas também, designou um plano pelo qual sua decisão não resultaria no desagrado do rei.
Os dez dias de teste foram suficientes para provar que legumes e água eram, na verdade, mais saudáveis do que o cardápio do rei (Dn 1.15). Além do mais, o Senhor deu sabedoria e inteligência para que os quatro jovens hebraicos fossem dez vezes mais doutos do que todos os outros quando chegou a hora de responder às perguntas do rei (v.20)

Daniel deixou evidente seu hábito de oração, não mantendo-o em segredo, para que assim, pudesse encorajar outros judeus cativos a continuarem buscando o Senhor publicamente (Dn 6). Embora ele tenha sido lançado na cova dos leões, Deus honrou sua escolha desprendida, preservando sua vida. Certamente, milhares de judeus cativos foram fortificados em sua fé ao saberem que Daniel tinha escolhido viver pela sabedoria celestial.

Imagine o quanto foram encorajados ao saberem que Deus preservara a Daniel das ameaças do seu inimigo! Na verdade, Daniel saiu dessa situação mais forre do que nunca.

Daniel corajosamente demonstrou que Deus era confiável se seus seguidores fossem orientados pela sabedoria divina. Ele comunicou essa sabedoria teológica a Nabucodonosor. Como um ditador antigo do Oriente, que reinou inteiramente por sua ambiciosa inteligência humana, Nabucodonosor, não foi um aluno apto. Veja o testemunho de Daniel acerca de Deus ao rei:

"Seu domínio é sempiterno, e seu reino é de geração em geração. Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: 'Que fazes?'" (Dn 4.34-35).

A capacidade de Daniel para liderar, desde sua mocidade, cresceu da sua convicção à respeito de Deus e da sabedoria que esse conhecimento instilara em seu coração. Um líder, segundo o padrão de Deus, certamente demonstrará a sabedoria lá do alto, concedida pelo Espírito Santo de Deus àqueles que, como Daniel, buscam-na para si.



Lucas não alista "fé" entre as qualidades que os apóstolos consideraram essenciais para a liderança que cuidaria do fundo de distribuição das viúvas na igreja de Jerusalém. Ele, porém, descreve Estêvão como um "homem cheio de fé" (6.5). Isso talvez sugira que essa tremenda qualidade em Estêvão não fosse necessariamente exigida de todos os homens selecionados pela igreja. Certamente, é um traço espiritual central de todos que desejam ser líderes piedosos.

O autor do livro de Hebreus afirma que "sem fé é impossível agradar a Deus" (11.6). Deus nunca poderia agradar-se de um líder que exerce autoridade em seu Reino, que não seja um homem de fé. A fé de Estêvão excedera na forma que interpretou a história da salvação de Israel. (At 7).

Cada evento é entendido à luz da intervenção e do soberano controle do Senhor sobre os eventos passados. Aqui, não existe uma visão secular do passado como historiadores escrevem hoje. Devido Estêvão ter podido detectar a mão de Deus abençoando e julgando Israel, ele pôde ver a glória de Deus independentemente dos planos assassinos dos judeus (7.55).

Ele também pôde ver Jesus assentado à direita de Deus e ter certeza que derrotas, na Terra, são vitórias, no Céu. Paulo também não interpreta os eventos recentes em sua vida, como marcas dos golpes vencedores do diabo. Ele escreveu: "Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos" (2Co 1.8-9). O apóstolo via a realidade pela lente da fé.

Amor

Existe alguma qualidade de que um líder careça mais do que o amor? A civilização ocidental se deteriora rapidamente devido ao egoísmo que penetra nossa cultura atual. O "fazer algo de forma correta” tomou o lugar do "fazer o bem".

Essa é a nova prioridade do nossos dias, colocando o amor em segundo plano. O controle de qualidade se tornou mais importante do que o sacrifício em favor de outras pessoas. O "salvar a vida” por meio da "perda dela” por Cristo e pelos necessitados não é mais algo popular, atualmente, embora seja o ponto central daquilo que Jesus exige de seus seguidores (Lc 9.23-24).

O amor é mais importante no Novo Testamento do que os dons espirituais ou o conhecimento (1Co 13; 8.1). Uma liderança sem amor é como um corpo sem o coração. Morta e sem sentido, ela promove vaidade, em vez de maturidade cristã.
Paulo escreve para os Coríntios que o amor de Cristo nos constrange (2Co 5.14).

Significa que qualquer pessoa que sente intimamente o amor que Cristo tem por ela, desejará segui-Io, e servi-Io. O custo do sofrimento e do esforço não é importante. A mesma verdade é válida para relacionamentos entre líderes e seguidores. A lealdade estabelece as raízes firmes nos corações daqueles que sentem que seus líderes verdadeiramente os amam.

É por isso que Jesus fez o contraste entre o mercenário e o pastor, em João 10. O mercenário não é o dono das ovelhas, nem se preocupa com o que acontece com elas. Quando o lobo aparece, ele foge. Não sente nenhuma necessidade de arriscar sua vida pelo bem-estar e proteção das ovelhas (vv.12,13). O amor do pastor, ao contrário, é tão íntimo e sacrifical que ele dá a sua vida pelas ovelhas (v. 11).

Amor (agape) de caráter bíblico, não procura os seus próprios interesses, mas o bem-estar de um irmão ou do próximo. Como o bom samaritano (Lc 10), ele se alegra em dar de seu tempo, transporte e dinheiro para ajudar uma vítima de um assalto. A palavra "benigno" (1Co 13.4) descreve essa qualidade. O líder que se identifica com o sofrimento de um seguidor ganhará a sua lealdade. O amor é a qualidade que aproxima o líder do grupo. Quando membros de uma igreja sentem que seu o pastor os ama, o cinismo desaparece e a inveja evapora.

Porque será que líderes políticos, na maioria das vezes, estão muito baixo na escala de apreciação daqueles que votaram neles? A razão princi¬pal é que os eleitores julgam pelas ações e atitudes que seus líderes têm, de não ter por eles maior amor do que um leão faminto tem por um veado. Amor hipócrita não é convincente, mas contra-produtivo.

Os dez princípios, apresentados por Ted Engstrom, que seguem abaixo, ajudarão o líder a fazer do amor algo prático.
1. "Precisamos tomar a decisão de desenvolver amizades em que não exigimos nada em troca”. Essa é a base para o amor bíblico, incondicional e não manipulador.
2. "Deve haver um esforço consciente para nutrirmos um interesse autêntico por outras pessoas". Esse interesse deve procurar o benefício dos outros e não os nossos próprios interesses.
3. "Cada um de nós é uma criatura ímpar. Conseqüentemente, levaremos tempo, e muitas vezes um longo tempo, para conhecermos uns aos outros". Tempo expressa amor de modo prático.
4. "Comprometa-se a aprender como ouvir". Ouvir atentamente é difícil, especialmente quando a pessoa falando é monótona, mas isso expressa amor genuíno.
5. "Simplesmente, esteja presente, quer você saiba exatamente o que fazer ou não". Investir tempo em pessoas demonstrará o seu cuidado. Cuidar é amar.

6. "Sempre trate as pessoas de igual para igual". Ser um líder não faz de alguém melhor do que outros, nem mais valioso, aos olhos de Deus.
7. "Seja generoso com elogios legítimos e encorajamento". É impossível demonstrar amor através de criticismo amargo e depreciação dos outros. Os elogios carregam a mensagem oposta.
8. "Faça de seus amigos prioridade, preferindo-os antes de si mesmo". O amor não pode ser praticado sem demonstrar o valor de seus amigos a outros. Considerar cada um superior a si mesmo é uma ordem do Senhor (Fp 2.3).
9. ''Aprenda amar a Deus com todo o seu coração, alma, mente, e força. Depois ame seu próximo como a si mesmo". O Senhor deixou claro que amar ao próximo está ligado com amar a Deus.
10. "Enfatize as qualidades e virtudes dos outros, não, seus pecados e fraquezas". Pecadores, somos todos; então, é importante que um líder não dê a impressão de que ele é perfeito, sem pecados, e seus seguidores são estúpidos e ruins.

Servilismo

Elisabeth Elliot, cujo marido foi assassinado por índios aucas no Equador em 1956, escreveu: "Creio que a Igreja será mais eficiente para levantar líderes, quando nós começarmos a exemplificar a serventia [...]

As pessoas, muitas vezes, estão fazendo coisas normais quando Deus as chama para fazer aquilo que se torna grandes coisas. Jesus disse, 'Se você está pronto para ser o último, então, você será o primeiro. Se você está disposto para fazer coisas pequenas, então, encarregarei você de muitas coisas'.

É um dos paradoxos bíblicos onde o princípio da Cruz entra em operação ¬você ganha, perdendo; e torna-se maior, tornando-se menor. Quando nós, como Igreja, evitamos a Cruz, estamos nos privando da possibilidade da verdadeira liderança espiritual. E, esse é o tipo de liderança que precisamos hoje, mais do que nunca".

Precisamos lembrar que a busca de homens para liberar os apóstolos da responsabilidade de administrar o fundo de distribuição de recursos às viúvas na igreja em Jerusalém direcionou homens para "servirem às me¬sas" (diakonein, At 6.2). Um termo que Paulo usa constantemente para descrever sua própria função é "diácono" (servo).

O professor E. E. Ellis do Seminário Sudoeste em Forth Worth, no Texas, depois de um estudo minucioso das funções dos obreiros no Novo Testamento, fez o seguinte comentário: "Quando as designações atribuídas aos companheiros de Paulo são verificadas, fica clara a ausência de certos termos, não somente daqueles que mais tarde se tornaram tradicionais para os líderes na Igreja, mas também, os termos que identificam os dons e carismas espirituais especificados por Paulo.

Em suas cartas, nenhum de seus companheiros é chamado de profeta, professor ou pastor, muito menos, ancião ou bispo. As designações mais usadas são, em ordem de freqüência decrescente, sunergos ("cooperador"), adelphos ("irmão"), diakonos ("servo") e apostolos ("apóstolo").

Paulo usa diakonos em próxima relação à "obreiro" (ergates) e "ministros" (cf. 1Co 3.5, 9; 2Co 6.1, 4; 1Co 16.15-16). Os obreiros e os ministros são aqueles que têm se dedicado ao serviço dos santos. Os dons de apostolado, profecia, evangelista e pastor-mestre em Efésios 4.11 são distribuídos para a promoção e o treinamento de cristãos para o trabalho do ministério (ergon diakonias, v.12).

Isso significa que nenhuma função na Igreja, sendo ela exaltada, deve ser exerci da sem um "espírito de serventia". Paulo usa o termo hupereta ("servo", etimologicamente, "remador de baixo", em um navio a remo, 1Co 4.1), para enfatizar essa atitude humilde.

Jesus reagiu à ambição da autopromoção dos discípulos com um ensino específico sobre servilismo. Um pouco antes de celebrar a última ceia, Jesus notou que estavam contendendo entre si sobre qual deles parecia ser o maior (Lc 22.24). Jesus contrastou seu conceito de liderança com o quadro político da sua época: "reis" locais exerciam sua autoridade tirânica sobre as pessoas e chamavam-se "benfeitores". Os líderes cristãos necessitam ser "servos"(diakonon, Lc 22.26; Mc 10.42-44).

Qual foi a intenção de Jesus ao rejeitar a mentalidade da liderança de sua época? Primeiro, ele não estava rejeitando o uso do poder. Gardner demonstra que o poder não é para ser confundido com o status e o prestígio. O poder é a capacidade de garantir o resultado que um líder deseja realizar, e prevenir aqueles resultados que ele deseja evitar. "O poder [...] é, simplesmente, a capacidade de trazer à superfície certas conseqüências almejadas no comportamento de outras pessoas".

O poder é um ingrediente necessário à liderança. Todo líder necessita um certo grau de poder. Enquanto uma pessoa está subindo as escadas da autoridade estruturada de uma organização, espera-se um aumento em seu direito de usar o poder. O que determina a grandeza de um líder não é quanto poder ele tem, mas o quão eficiente ele é em usufrui-lo.

Um líder, que é servo, não busca poder para auto-enriquecimento, mas para a glória do seu Mestre. Um servo que serve bem não se preocupa com sua fama ou bem-estar, conquanto, possa realizar os desejos do seu Senhor. John Gardner estava certo quando observou que "poder reside em algum lugar", a menos que a organização esteja afundando presa no oceano da inércia e da total incompetência, como o Titanic na noite fatal de abril de 1912.

Jesus falou de si mesmo: "Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir (diakonein), e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mc 10.45). Servilismo para Jesus não significou renúncia de poder.

Seu ministério irradiou poder, curas, exorcismos, ensino e desafios à religiosidade hipócrita. Contudo, Jesus renunciou ao uso de poder para seu próprio conforto, fama ou satisfação. "Ele exercitou poder de forma apropriada e para fins apropriados. Sua vida proporciona o exemplo positivo sobre como o poder pode e deve ser usado".

A mãe de Tiago e João esperava por posições maiores de liderança para seus filhos no reino que Jesus planejava inaugurar. Não somente os filhos de Zebedeu creram que o poder e a felicidade fossem sinônimos, mas também, os outros dez discípulos tornaram-se ressentidos quando eles perceberam que as duas maiores posições na organização tinham sido solicitadas.

Eles também estavam tão animados quanto Tiago e João para alcançar a autoridade e o poder no Reino. Jesus, porém, comparou o conceito mundano de "grandeza" a sua própria definição. "O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mt 20.28).

Jesus, embora Senhor de todos, exemplificou o servilismo de várias formas. Ele colocou de lado sua própria vontade para fazer a vontade do Pai. No jardim do Getsêmani, ele colocou de lado a tentação de insistir na sua própria preferência para dar lugar a vontade do Pai (Mt 26.42).

Ele rejeitou o trono (Jo 6.14,15), mas permitiu que seus atormentadores coroassem-no com espinhos. Ele admitiu que, de fato, era o Messias (Mc 14.61,62), o Rei preanunciado de Deus, mas não reagiu com ira e condenação contra aqueles que escarneceram dele, cuspiram nele e bateram na sua cabeça com um caniço (Mc 15.19, 20).

Embora todas as coisas tinham sido dadas por Deus em suas mãos (Jo 13.3), ele resolutamente escolheu não usar aquele poder para seu próprio benefício. Embora ele tivesse pouco lazer e descanso, ele teve tempo para segurar bebês em seus braços e abençoar as criancinhas. Embora uma multidão enorme lhe tivesse empurrado e apertado, procurando ajuda de todo o tipo, ele teve tempo para um pequeno e desprezado coleto r de impostos pendurado em uma árvore (Lc 19.1-10).

Os pedidores de esmola, os leprosos e as mulheres receberam sua atenção e ajuda, mesmo quando os discípulos tentavam protegê-lo da exigência deles. Ele não se importou com a fama e o poder, que motivavam as pessoas comuns, mas estava totalmente preocupado com a glória do Pai.

A servilidade, para Jesus, demonstra-se na sua preocupação por outras pessoas e suas necessidades, especialmente, daqueles que eram desprezados e rejeitados pela própria sociedade. Ele não somente exigiu auto-negação dos seus discípulos, mas também, exemplificou-a em seu próprio viver.

Jesus tinha uma missão a cumprir, e não, deu importância alguma para os altos e poderosos líderes que procuraram o bem-estar de si mesmos. "O zelo da tua casa me consumirá" (Jo 2.17), direciona-nos para a base do desdém que Jesus sentiu pela ambição e pelo poder que busca o seu próprio interesse, em vez da glória de Deus.
A atitude servil é enraizada em motivos corretos.

Quando a glória de Deus é o supremo prazer do servo, ele não tem nenhuma necessidade de fingir que é santo, como os fariseus fizeram na época de Jesus (Mt 6.1-4). A hipocrisia é antitética a tudo que Jesus ensinava.

Essa é a razão que ele atacou contra a pretensão religiosa com denúncias tão contundentes (Mt 23). Jesus alertou os títulos importantes que os escribas e fariseus apreciavam tanto. Nem "mestre", nem "pai" e nem "líder" (kathegetes) são apropriados para a atitude servil que é essencial à liderança (Mt 23.8-10).

A atitude servil necessita crescer de uma avaliação correta das habilidades e da autoridade de uma pessoa. No mundo, autoridade é herdada através do nascimento nobre (como no caso de reis e todos aqueles que nascem em famílias com títulos e nobreza), da ambição e da realização. Porém, para Jesus, autoridade e poder são dons oferecidos por Deus para pessoas indignas. "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus [...]" (Jo 1.12), claramente afirma que o direito (exousian, "autoridade", veja Mt 28.18) dos príncipes da família de Deus, o Rei da glória, é distribuído liberalmente pelo Senhor Jesus. Quando Jesus contou a parábola dos talentos, que três servos (douloi, "escravos") deviam ter dado de um a cinco talentos cada (Mt 25.15), pode ter aparentado até irônico para a sua audiência.

O valor de um talento (c. 30 quilos de prata ou ouro) era muito mais do que um artesão poderia ganhar em sua vida inteira. Jesus procurava enfatizar que aqueles sem riquezas ou direitos estão sendo elevados (de alguma forma) ao status de reis. Todavia, eles permanecem servos, que precisam prestar contas ao seu Mestre (Mt 25.19-30). Embora cuidassem do dinheiro como se fosse deles mesmos, não podiam jamais esquecer que, na verdade, não o era.

A atitude servil pode ser melhor mantida em uma democracia do que numa autocracia ou ditadura. Em um governo democrático, o líder é uma pessoa que não herda autoridade, ou conquista-a pela força, mas ganha o privilégio de liderar. Os membros da organização estão convencidos de que o seu líder escolhido resolverá seus problemas mais eficazmente do que qualquer outro, senão, deixariam de apoiá-lo. Porém, se um líder tem uma ambição não bíblica por poder, e portanto, usa meios ilegítimos para consolidá-la em suas mãos, deverá ser lembrado do alerta do Senhor.

"Se aquele servo disser consigo mesmo: Meu senhor tarda em vir, e passar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se, virá o senhor daquele servo, em dia em que não o espera e em hora que não sabe, e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os infiéis" (Lc 12.4-46). De certa forma, Cheryl Forbes está certa: "Os cristãos precisam dizer 'não' ao poder, individualmente e corporativamente", porquanto ela entenda esse poder como algo ilegítimo e contrário ao espírito servil.

Richard Foster observou: "Aqueles que não prestam contas a ninguém são especialmente suscetíveis à influência corruptora do poder [...] Hoje, a maioria dos pregadores de mídia e evangelistas itinerantes sofrem [...] da mesma falta de prestação de contas que os profetas viajantes do século sexto sofreram".

É verdade que líderes cristãos são, no final das contas, prestadores de contas a Deus (1Co 4.5), mas uma avaliação justa de um companheiro de viagem da estrada celestial pode ser um excelente lembrete de que a atitude de um servo necessita ser mantida por toda a vida.
Alguns líderes facilmente caem no erro que os convence de que servir seus seguidores será interpretado como fraqueza. Porém, os líderes que servem são mais eficientes do que os autocratas.

A Bíblia claramente demonstra as conseqüências de se fazer escolhas que transmitam poder desp6tico. Roboão perdeu a maior parte do seu reino por seguir conselhos de jovens que aconselharam-no dizendo que ele deveria reinar com um "dedo mínimo mais grosso do que os lombos de meu pai" e forçar-lhes a carregar um jugo mais pesado daquele que Saio mão impusera (1Rs 12.10,11). Os anciãos estavam certos: "Se, hoje, te tornares servo deste povo, e o servires, e, atendendo, falares boas palavras, eles se farão teus servos para sempre" (v.7).

Conclusão

Nenhuma virtude bíblica deve ser premiada mais em um líder do que a vida santa, a sabedoria com discernimento, a plenitude do Espírito e um senso de servilidade equilibrado. Deus usa homens com esses perfis. Igrejas e organizações que notam que essas qualidades estão em falta em seu meio, necessitam clamar ao Senhor por avivamento.

O caráter carnal da igreja de Corinto pode ser facilmente explicado pelo orgulho dos líderes da igreja que substituíram Paulo, um servo humilde do Senhor. Seu exemplo e alertas foram insuficientes para implantar naquele lugar um espírito servil. Os efésios perderam seu primeiro amor (Ap 2.5) devido à liderança defeituosa. O estado moribundo da igreja de Sardes foi a conseqüência da liderança pobre (Ap 3.1-3). A condição morna da igreja de Laodicéia foi o efeito natural de líderes orgulhosos e auto-suficientes que contagiaram a igreja com o vírus mortal do mundanismo (Ap 3.13-20).


Este Capítulo foi extraído do livro do Doutor Russell Shedd "O Líder que Deus Usa" Distribuído no Brasil pela Editora Shedd.

O doutor Shedd , tem sido um servo de Deus aqui no Brasil e no mundo. Além dos seus conhecimentos no campo bíblico-teológico, ele tem deixado um legado importante para a igreja brasileira de ser um servo e de viver de maneira santa e humilde. De sua lavra ja sairam varios livros que abençoam ate hoje a igreja dos nossos dias. Anos atrás Russell Shedd esteve em nossa igreja ministrando a palavra de Deus e eu tive o privilégio de hospedar ele em minha casa junto com minha esposa. Foram momentos de grande alegria e comunhao. Doutor Shedd também falou para os pastores aqui na região sul de santa Catarina sobre A Vida e Ministério de Jesus Cristo e As bem- Aventuranças. De fato foi algo que nos ajudou a entender de maneira santa o ministério pastoral e suas implicações.

Pastor Carlos Augusto Lopes
Teólogo

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